sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Aqui jaz um teatro

Aqui jaz um teatro. Avenida Visconde do Rio Branco, 2406.

Ontem, entre 1918 e 1939, Boulevard Visconde do Rio Branco, 909, a sede de um expoente grupo teatral, o Grêmio Dramático Familiar. Hoje, um estacionamento em obras. E o que virá?

Aqui jaz mais um teatro nesta cidade que por progresso entende o avançar sem reconhecer a si mesma e os seus. A arte que na calçada faremos, acontece entre o pó e o concreto dos prédios derrubados, entretanto, a vida, o encontro e suas memórias, mesmo feridas, ou tidas como desaparecidas, ou mesmo dadas como mortas, relampejam, resistem. Frente a tudo que as maltratam, existem.

Foi partindo desse contexto que iniciamos o projeto “Em visita a Carlos Câmara: procedimentos para um intercâmbio entre o Grupo Populart e o Grupo 3x4 de Teatro”, apoiado pelo Edital de Formação e Intercâmbio entre Grupos de Teatro, da Secretaria de Cultura de Fortaleza. Neste processo de cinco meses, em interações semanais, revimos não só o dramaturgo fortalezense que, a partir de uma suposta cearensidade e sua relação com a capital, o sertão e até outras nações, fazia do teatro uma séria brincadeira. Neste período, ao encontrarmos Carlos Câmara e seu Grêmio revimos também nossos próprios fantasmas e inquietações quanto ao que queremos fazer do teatro que nos faz falta.

No domingo, 21 de agosto de 2011, às 19:00 na Avenida Visconde do Rio Branco, 2406, construiremos um momento para dar a conhecer, ver, provocar, querer, partilhar e visitar. Um instante em que nos seja possível dizer, como pontua Martine Kunz em referência a Frei Tito: eu não o conheço, Câmara, e lembro de você.

Traga sua cadeira, o teatro e a conversa será na calçada onde esteve sediado o Grêmio Dramático Familiar. 

Gyl Giffony

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