domingo, 21 de agosto de 2011

Redescobrindo Carlos Câmara

 Jornal O POVO / Vida & Arte - 20 de agosto de 2011 

Redescobrindo Carlos Câmara 
Trazendo para o palco um texto inédito de Carlos Câmara, os grupos 3x4 de Teatro e Populart homenageiam os 130 anos do dramaturgo cearense
Marcos Robério

Na última década do século XIX, o Ceará viu nascer em suas terras um filho pródigo que tinha a dramaturgia na alma, as ideias na cabeça, a vontade nas ações e a comédia como forma de ver a vida. Audacioso, revolucionou o campo artístico no Estado durante os anos 1920 e 1930, plantando a semente que germinou a forma como até hoje se faz teatro nas terras alencarinas. Ainda pouco reconhecido se comparado à riqueza história e artística que representa, o dramaturgo Carlos Câmara é objeto de estudo e admiração para alguns cearenses que veem sua presença imortalizada em cada palco.

Para homenagear Carlos Câmara pelos 130 anos de seu nascimento (1881-1939) e trazer pela primeira vez para as luzes da ribalta um texto que ele não chegou a terminar, os grupos teatrais 3x4 de Teatro e Populart iniciam hoje (20), no Conjunto José Walter, uma série de apresentações da peça Alma de Artista, montada através de edital da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor).

A comédia traz a história de uma típica família da época, com um casal que se ama e decide se casar, mas não pode deixar que os pais da noiva saibam disso, uma vez que o noivo já estava prometido para a prima da noiva. A confusão que se desenrola é apresentada em forma de casamento matuto, fazendo uma grande e divertida festa em cena.

O diretor da peça Silvero Pereira cita a importância do Grêmio Dramático Familiar, grupo teatral formado por Câmara e que representou um divisor de águas no teatro cearense, por propor uma linguagem acessível e divertida, mais próxima do público, sendo a inspiração para grupos que vieram depois, sobretudo a Comédia Cearense. “O Grêmio não tinha uma grande estrutura. Mas o que marca é a importância do fazer teatral, que mobilizou a cidade e fez as pessoas gostarem de teatro. Por isso é importante refletir como um grupo naquela época conseguia fazer isso e nós hoje não conseguimos”, questiona-se Silvero.

Cidade

A sede do Grêmio Dramático Familiar ficava no número 2406 da rua Visconde do Rio Branco, no Centro. Hoje, o espaço passa despercebido pela memória da Cidade, dando lugar a outros tipos de empreendimentos. Por isso, uma das encenações da peça será em uma calçada em frente a antiga sede, a título de manifesto. Foi nesse local e também em um mês de agosto que o Grêmio realizou sua primeira montagem.

Para o dramaturgo e historiador Marcelo Costa, que ajudou no processo de pesquisa para a peça, “se existe uma unanimidade no teatro cearense, é o Carlos Câmara”. Ele diz que o principal legado de Câmara para o teatro é mesmo sua obra e a influência que ela exerce. “O teatro hoje é muito pretensioso e distante das coisas da sociedade, ficando entre a chatice e a gaiatice (e a chatice vem aumentando)”, aponta. Com Carlos Câmara, diz ele, era diferente: “O teatro dele era para a vizinhança, para o povo”.

ENTENDA A NOTÍCIA

Carlos Torres Câmara (1891-1939) é considerado um dos maiores nomes da dramaturgia cearense. Produziu algumas das peças mais populares dos teatros de Fortaleza no começo de século XX e fundou o Grêmio Dramático Familiar, que aproximou o teatro do público e até hoje influencia as atuais companhias.

PROGRAMAÇÃO

Hoje (20), às 20h – C.S.U. do Conj. José Walter (Rua 69, s/n, 2ª Etapa do José Walter)
Amanhã (21), às 19h – Rua Visconde do Rio Branco, 2406
Dia 23/8, às 17h – Theatro José de Alencar – Centro
Dia 29/8, às 19h – Praça do Jardim América
Dia 18/9, às 19h – Praça do João XXIII
Dia 19/9, às 19h – C.S.U. de Messejana
Outras info.: 3255 8300

(Ler no O POVO online)

Um comentário:

  1. Fico muito lisonjeado por ter conhecido esta iniciativa através da veiculação televisiva do programa sua manhã cuja âncora é Maysa Vasconcelos, da tv diário, nossa tv regional...precisamos que estes grupos teatrais tenham mais visibilidade midiática para que o teatro seja mais popularizado, pois, cultura popular é um veículo de desenvolvimento humano. Parabéns pelo Projeto.

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