sexta-feira, 10 de junho de 2011

Inquérito Literário [Parte 1]

Em sua edição do dia 11 de maio de 1923, o jornal cearence O Nordeste publicou uma entrevista com Carlos Câmara. Abaixo o texto de introdução da reportagem.
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INQUÉRITO LITERÁRIO

Entre os modernos e consagrados escritores cearense. O Nordeste entrevista o teatrólogo Carlos Câmara. Interessante palestra sobre arte teatral.

À semelhança das muitas “enquetes” literárias, que nos grandes centros intelectuais organizam os jornalistas, para saberem e divulgarem ao público, sempre curioso, o modus vivendi et faciendi [do latim, modo de viver e de fazer] dos grandes artistas, O Nordeste inicia hoje uma série de reportagens entre os modernos escritores cearenses, a fim de conhecer-lhes o pensamento sobre certo problemas e sobre as atuais escolas de arte.

Para começar esta seção, procuramos, em primeiro lugar, o conhecido teatrólogo patrício Carlos Câmara, que o nosso público conhece e admiram, aplaudindo-lhe as magníficas revistas, a fim de que respondesse às nossas curiosas bibilhotices jornalísticas, justamente por estar sendo ensaiada agora uma nova revista de sua lavra.

Carlos Câmara é um esforçado escrito de teatro, já tendo meia dúzia de apreciadas vaudevilles com mais de 30 encenações cada uma: A Bailarina, Casamento da Peraldina, Zé Fidélis, Calu, Alvorada e por último Os Piratas.

Encontramo-lo, terça-feira, à tarde, na Escola de Aprendizes Artífices de que é esforçado diretor.

Ao nos avistar, correu-nos ao encontro, delicadamente, fazendo-nos sentar, sempre alegre e penhorante, com as suas maneiras distintas.

O gabinete do escritor é modesto e sombrio. Em frente à sua banca, cheia de papéis e livros espalhados, rasga-se uma janela que abre para os lados das praias do mar, mostrando-nos o céu azul, cortado de nuvens, e o trabalho insano dos estivadores, na labuta diária...

Carlos Câmara é um gentleman perfeito. Sua conversação animada lembra-nos os seus personagens irrequietos, no tablado do Grêmio Dramático Familiar. Delicado sempre, responde-nos à menores perguntas curiosas.

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