sábado, 25 de junho de 2011

Inquérito Literário [Parte 2]

Em sua edição do dia 11 de maio de 1923, o jornal cearense O Nordeste publicou uma entrevista com Carlos Câmara. Na primeira parte, postamos o texto de introdução da reportagem. Abaixo, o trecho inicial da entrevista que se segue ao texto.
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Principiando a nossa interview entramos logo no assunto:

“O Nordeste”  mandou-nos para o ouvir em entrevista...

CARLOS CÂMARA – Pois não, eu estou sempre às ordens dos bons amigos e confrades.

Então, vai em ensaios uma sua nova peça de teatro?

CC
–  É verdade. Há cerca de vinte dias que a ensaiamos.

É do mesmo gênero das anteriores que são tão apreciadas pelo nosso público?

CC
É mais ou menos do gênero das cinco que a precederam.
 
Que título lhe deu?


CC
“Os Piratas”.

Por quê? É uma crítica aos nossos costumes?

CC
Dei-lhe este título por julgar tal epíteto adequado a algumas das principais  figuras que atuam no desenrolar do entrecho, e que desenvolvem verdadeira tramas, conhecidas entre nós como atos de piratagem, em matéria de conquistas amorosas.

Onde se desenvolve a ação dos três atos e quando teremos a primeira do “Os Piratas”?

CC
A ação se desenvolve no porto das jangadas, nesta Capital, tendo sido os lindos cenários executados por Gerson Faria, talentoso artista do pincel em nossa terra. Pode o meu jovem amigo anunciar a première, para o próximo sábado, 12 do corrente.

Os personagens do novo vaudeville são reais? Ou são tipos criados pela imaginação?

CC
Em toda parte há desses tipos sociais, e em Fortaleza está se desenvolvendo extraordinariamente este esport, do qual existem verdadeiros profissionais, cuja indesejabilidade se faz preciso proclamar. São tipos representativos de classes, e resumem características observáveis em especimens diversos do mesmo gênero.

De suas peças anteriores, os tipos são imaginários?


CC
Só podem ser escritas peças regionais do gênero que até hoje adotei, quando baseadas em fatos e tipos como o Zé Fidelis, o Candoquinha, o Coronel Puxavante, a Peraldina, e vários outros que foram, por assim dizer, copiados do natural.
     

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