Em sua edição do dia 11 de maio de 1923, o jornal cearense O Nordeste publicou uma entrevista com Carlos Câmara. Na primeira parte, postamos o texto de introdução da reportagem. Abaixo, o trecho inicial da entrevista que se segue ao texto.
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Principiando a nossa interview entramos logo no assunto:
“O Nordeste” mandou-nos para o ouvir em entrevista...
CARLOS CÂMARA – Pois não, eu estou sempre às ordens dos bons amigos e confrades.
Então, vai em ensaios uma sua nova peça de teatro?
CC – É verdade. Há cerca de vinte dias que a ensaiamos.
É do mesmo gênero das anteriores que são tão apreciadas pelo nosso público?
CC – É mais ou menos do gênero das cinco que a precederam.
Que título lhe deu?
CC – “Os Piratas”.
Por quê? É uma crítica aos nossos costumes?
CC – Dei-lhe este título por julgar tal epíteto adequado a algumas das principais figuras que atuam no desenrolar do entrecho, e que desenvolvem verdadeira tramas, conhecidas entre nós como atos de piratagem, em matéria de conquistas amorosas.
Onde se desenvolve a ação dos três atos e quando teremos a primeira do “Os Piratas”?
CC – A ação se desenvolve no porto das jangadas, nesta Capital, tendo sido os lindos cenários executados por Gerson Faria, talentoso artista do pincel em nossa terra. Pode o meu jovem amigo anunciar a première, para o próximo sábado, 12 do corrente.
Os personagens do novo vaudeville são reais? Ou são tipos criados pela imaginação?
CC – Em toda parte há desses tipos sociais, e em Fortaleza está se desenvolvendo extraordinariamente este esport, do qual existem verdadeiros profissionais, cuja indesejabilidade se faz preciso proclamar. São tipos representativos de classes, e resumem características observáveis em especimens diversos do mesmo gênero.
De suas peças anteriores, os tipos são imaginários?
CC – Só podem ser escritas peças regionais do gênero que até hoje adotei, quando baseadas em fatos e tipos como o Zé Fidelis, o Candoquinha, o Coronel Puxavante, a Peraldina, e vários outros que foram, por assim dizer, copiados do natural.
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